UNISEX: A CRIAÇÃO DO HOMEM SEM IDENTIDADE
Ensaio aborda a ideologia de género, suas estratégias e objetivos
Por Anna Fusina
ROMA, 13 de Março de 2014 (Zenit.org) - "Unisex - A criação do homem sem identidade" é o título do ensaio publicado recentemente pela Editora Arianna e escrito por Gianluca Marletta e Enrica Perucchietti. Um título interessante para explicar o que é realmente essa ideologia de gênero que está sendo imposta cada vez mais e esclarecer quais são os seus objetivos e que tipo de mundo ela está preparando para as novas gerações. Conversamos com um dos autores, Gianluca Marletta, professor de literatura, estudante de antropologia e autor de inúmeros ensaios de sucesso.
***
Profº Marletta, estamos rumando para a criação de um novo homem "sem identidade"?
Marletta: "Estamos rumando" talvez não seja a frase mais exata: não estamos rumando, e sim "sendo empurrados"... Não há muito de espontâneo em certos processos culturais. Aqui nós temos simplesmente o envolvimento gigantesco de poderes, autoridades políticas e, especialmente, colossos econômicos que, dia após dia, nos empurram para uma "reformulação" da própria ideia de humanidade. Uma humanidade que eles querem que seja desestruturada e desprovida de toda forma de identidade. O que eles estão tentando criar é uma redefinição de homem, o mais desprovido possível de pontos de referência e de apoio, que são a religião, a família, mais do que a identidade sexual... É por esta razão que é tão forte, em certos círculos, uma ideologia como a de gênero, que propõe a aniquilação da identidade, uma sexualidade fluida, ambígua e polimórfica, a negação do dado objetivo da natureza.
Como é que nasceu a ideologia de gênero e quais são as etapas desse projeto de aniquilar as diferenças?
Marletta: A ideologia de género nasceu nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960 e, pelo menos inicialmente, não era nada mais que a ideologia de referência de alguns grupos de feministas e do nascente movimento homossexual. A ideologia de gênero afirma que não existe uma identidade sexual definida no ser humano, mas que os chamados "gêneros" (masculino, feminino, gay, lésbica, transgênero) são apenas manifestações de uma sexualidade "fluida" e naturalmente "polimorfa" (não é por acaso que John Money, o verdadeiro pai da ideologia de gênero, também era cirurgião especializado em operações de "mudança de sexo", que ele recomendava e fazia inclusive em pacientes menores de idade e até mesmo em crianças). Até a década de 1970, a ideologia ficou restrita a nichos, mas começou a “colonizar” os “andares superiores” da política norte-americana no governo de Bill Clinton. Dali ela entrou na ONU como ideologia de referência das grandes “quermesses” internacionais de saúde reprodutiva (não é coincidência que, naquele período, o termo "sexo" foi expurgado dos documentos oficiais e substituído pelo termo "género").
Estamos assistindo hoje a uma campanha social, antropológica e midiática destinada a reforçar a ideologia de gênero. Quem orquestra tudo isso e com que estratégias?
Marletta: No Ocidente, a mobilização em prol da ideologia de gênero é impressionante hoje em dia: é uma operação de manipulação em massa sem precedentes, realizada com todos os meios disponibilizados pela mídia, pela propaganda e pela política. Os grandes financiadores são, com certeza, a Fundação Rockefeller (que já era a principal financiadora de todas as campanhas pró-aborto nas décadas de 1970 e 1980), os grupos ligados ao magnata George Soros, além de grandes trustes e institutos econômicos do mundo ocidental, entre os quais a Motorola, a Kodak, o Goldman Sachs, o JP Morgan, a Fundação Ford. Em nossa opinião, o objetivo desta mobilização sem precedentes é o projeto de "nova ordem mundial", tão caro aos poderes ocidentais, que, necessariamente, implica uma redução ou dissolução das identidades tradicionais. Destruir as identidades (religiosas, humanas, sociais) para criar um perfeito "melting pot": parece que é este o objetivo de certas elites.
Há relações entre a ideologia de género e a pedofilia?
Marletta: De acordo com John Money e com os ideólogos do gênero, a pedofilia é apenas uma expressão particular de uma sexualidade polimorfa, que deve ser "experimentada em todos os níveis e em todas as idades", e, portanto, deveria ser aceita. Os atuais promotores da ideologia de gênero não dizem isso em público, acho eu, apenas por uma questão de "oportunidade" e porque, do ponto de vista deles, os tempos ainda não estão “maduros”... De resto, na América do Norte, faz anos que uma organização declaradamente pró-pedofilia, a NAMBLA (North America Man&Boy Love Association) desfila nas paradas do orgulho gay. E até hoje, o clube mais importante de "cultura homossexual" de Roma é dedicado a um certo Mario Mieli, que, nos seus livros, defendia a pedofilia a ferro e fogo como "expressão de liberdade".
E qual é o propósito do livro de vocês?
Marletta: Essencialmente, informar as pessoas sobre um tema de grande atualidade e, infelizmente, pouco conhecido. É preciso entender o que é a ideologia de gênero, o que ela procura, quais são os seus objetivos, para entendermos que tipo de mundo estão preparando para nós e para os nossos filhos.
Porque o governo não se afasta da ideologia de género?
Em resposta a uma solicitação de esclarecimentos, o subsecretário da Presidência do Conselho de Ministros da Itália afirma que a difusão de folhetos pró-ideologia de género nas escolas faz parte de uma estratégia do governo
Por Redacao
ROMA, 17 de Março de 2014 (Zenit.org) - "As iniciativas da UNAR [nota da redação: entidade ligada ao governo italiano que realiza iniciativas contra a discriminação] não têm nada a ver com a eliminação da discriminação de tipo sexual. A intenção deles é reeducar a Itália para fazê-la aceitar a ideologia de gênero".
Esta afirmação foi feita em 14 de março pelo deputado italiano Gian Luigi Gigli, que, junto com Lorenzo Dellai, Paola Binetti e Mario Sberna, do grupo "Populares pela Itália", e Vanna Iori e Edoardo Patriarca, do Partido Democrático, apresentou um urgente pedido de esclarecimentos à Presidência do Conselho de Ministros da Itália sobre a produção e difusão de folhetos, nas escolas, promovendo a ideologia e os modos de vida de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT).
Na sessão parlamentar de 11 de março, os deputados mencionados perguntaram ao primeiro-ministro italiano se ele "não considera oportuno substituir urgentemente o diretor da UNAR" e "rescindir imediatamente o contrato com o instituto Beck, por usar a sua relação com a administração pública para priorizar as suas finalidades ideológicas".
“É particularmente preocupante que esta linha de ação tenha sido confirmado pela boca do subsecretário da Presidência do Conselho, Sesa Amici, como parte de uma estratégia do próprio governo”, declarou Gigli.
“Ninguém quer discriminar a orientação sexual dos cidadãos”, prosseguiu Gigli, “mas aqui nós temos um ato de discriminação inversa: contra quem pensa que a família só pode ser composta de mãe e pai”.
A interpelação apresentada ao Conselho de Ministros destaca que, em vez de propor a superação das discriminações, os folhetos financiados por verba pública e distribuídos nas escolas pretendem ensinar a todos os alunos, do ensino fundamental ao ensino médio, que "a família pai-mãe-filho é apenas um ‘estereótipo de publicidade’; que os gêneros masculino e feminino são uma abstração; que a leitura de romances em que os protagonistas são heterossexuais é uma violência; que a religiosidade é um valor negativo; chega-se ao ridículo de censurar os contos de fadas por só apresentarem dois sexos em vez de seis gêneros, além de se proporem problemas de matemática baseados em situações protagonizadas por famílias homossexuais".
“Igualmente preocupante”, disse Gigli, “é que o subsecretário Amici tenha adiado a avaliação de medidas contra a UNAR, que, passando por cima dos responsáveis institucionais e políticos, está promovendo nas escolas a ideologia das associações LGBT".
O expoente dos Populares pela Itália concluiu: "Não é possível que, desde o ensino fundamental, seja implementada na escola uma verdadeira lavagem cerebral dos estudantes e dos professores , em contraste com o modelo educativo desejado pelos pais. A responsabilidade pela educação primária pertence também às famílias, inclusive nas escolas públicas. Se esta é a estratégia do governo, então não será possível nenhum apoio para a sua ação no tocante à educação".
ZENIT: Por que querem colocar a ideologia do gênero no PNE?
Paulo Fernando: A ideologia de gênero é fruto do marxismo coletivista que usa a estratégia para subverter o conceito natural de família com um discurso ardil da defesa da igualdade plena e luta contra o preconceito no plano de educação. Ensinar desde a tenra idade que gênero é diferente de sexo, levando-se a crer na tese que tudo é apenas um processo de livre escolha, que as pessoas nascem apenas como "´pessoas" e que depois escolhem ser homem ou mulher.
ZENIT: Quem será influenciado por este plano?
Paulo Fernando: Os estudantes nos próximos dez anos serão obrigados a se deparar com toda ideologia de gênero inclusive no material didático e no currículo escolar e com força de lei nas escolas públicas, privadas inclusive confessionais católicas sem que os pais possam fazer nada contrário a isso.
ZENIT: Quais são os grupos que militam para colocá-lo em vigor?
Paulo Fernando: Os ativistas feministas e os militantes de ONGs a serviço de grandes fundações internacionais que patrocinam uma campanha orquestrada para atacar a civilização cristã e da tradição familiar no Brasil.
Educação ou Ideologias
Dom Augusto fala sobre a ideologia do género na educação
Por Dom Antonio Augusto Dias Duarte
RIO DE JANEIRO, 20 de Março de 2014 (Zenit.org)
Há um dilema que poucas pessoas querem resolver hoje em dia: educar ou ideologizar?
A transmissão de conhecimentos, que realmente conduzem, para dentro e para fora das crianças, dos jovens e dos cidadãos, todas suas potencialidades e talentos, é uma educação válida. Pretende-se mesmo nos planos educacionais do Brasil educar o povo para construir uma nação? Há dúvidas a esse respeito em muitas cabeças lúcidas do país. A transmissão de idéias, de opiniões, de linhas de pensamento, que condicionam e manipulam a razão e os sentimentos humanos é, com certeza, uma ideologização. O país precisa de ideologias manipuladoras e impostas para ser um Brasil destacável no cenário internacional? Com certeza, não!!
Sabe-se que toda ideologia introduzida nos planos de educação para a infância e a juventude tem, sem sombra de dúvida, a pretensão de “conquistar inteligências”, a fim de utilizar as crianças e os jovens para objetivos de determinados grupos, com instruções duvidosas ou, inclusive, com objetivos bem declarados no nosso meio político cultural.
A ideologia do gênero é uma dessas pretensiosas tentativas de “arrebanhar” pessoas no período de formação intelectual e ética, onde são colocados os principais alicerces das verdades e dos valores fundamentais, para que sobre eles se edifiquem as restantes etapas de desenvolvimento humano e social.
A ideologia do gênero possui várias ferramentas para manipular a linguagem e para desinformar as pessoas, tanto as pessoas do corpo docente – professores – como as do corpo discente – alunos –; umas dessas ferramentas, e muito utilizada na cultura atual, é a palavra discriminação.
Basta colocar esse termo num cabeçalho de artigo ou no seu conteúdo, para que cabeças se inclinem e joelhos de dobrem “adorando” os argumentos apresentados em seguida a ele.
A discriminação de pessoas homoafetivas tem seu “altar de adoração”, que é a homofobia; a discriminação de pessoas de etnia afro tem o seu “altar”, que é o racismo; a discriminação da mulher, possui um altar rosado, que é feminismo de terceira geração. Quem não inclinar, reverentemente, a cabeça, e quem não fizer uma genuflexão solene, com os dois joelhos, diante desses altares, é porque não foram “devidamente educados” na vida. Só a “educação ideologizada” permitirá esses gestos de idolatria ao gênero.
No Brasil está sendo votado, numa comissão especial da Câmara dos Deputados em Brasília, o Plano Nacional de Educação (PL 8035/2010), cujo relator, deputado federal do PT do Paraná, repeliu, sem justificativa nenhuma, o texto enviado pelo Senado, em cujas páginas não aparecia a ideologia de gênero.
Esse deputado, certamente laico, mas em exercício do “seu sacerdócio sagrado” e rendendo tributo à “religião” ensinada pelos ideólogos da cultura do gênero, quer impor, na educação da infância e da juventude brasileira, o culto aos deus da “construção culturalmente livre” do sexo das crianças e dos jovens do nosso país.
Essa ideologização da educação acaba oferecendo aos futuros construtores da civilização brasileira e da cultura do povo mais acolhedor do mundo, a oportunidade de “monopolizarem” os três alicerces fundamentais da sociedade: a sexualidade humana, a família e os valores éticos.
Quem pretende monopolizar e manipular esses três fundamentos da nossa Nação? São os controladores da população, são os ativistas dos direitos arbitrários, são os que só falam a língua do “politicamente correto”, são os desconstrutores da linguagem, enfim, são os “novos sacerdotes” do Estado laicista.
A ideologia do gênero é tão perniciosa, que não atrai nem convence as pessoas bem educadas, e por isso mesmo, só pode ser implantada de forma totalitária.
Trata-se, em definitiva, da ditadura do relativismo, tão de moda numa sociedade e numa cultura, que se auto-intitulam democráticas.
Querem impor no Brasil um novo modelo antropológico (?), que seria a origem de uma nova cosmologia e que transformaria totalmente as pautas éticas da sociedade.
Como acontece com todas as ideologias enganosas, a ideologia do gênero não surgiu no horizonte cultural por geração espontânea. Várias correntes de pensamento contribuíram com diversos elementos e entre eles destacam-se a revolução sexual, a filosofia da desconstrução da cultura judaica-cristã, os existencialistas ateus, o feminismo radicalizado e depreciativo e as políticas anti-vida. Por isso mesmo essa ideologia não deveria ter um espaço tão amplo num plano nacional de educação.
A educação não deve – não pode – ser entregue nas mãos desses “pseudo- mestres” de “verdade geradas” na penumbra das idéias e das opiniões tão alheias à dignidade da inteligência e da liberdade humana.
O Papa Francisco tem, exercido com suas atitudes e ensinamentos, no cenário mundial uma missão pedagógica inquestionável e seu estilo otimista, positivo e aberto, tem sido uma exortação para todas as Nações no sentido de que cada povo seja o criador da sua própria cultura e protagonista da sua história única.
Daí que a educação autêntica de um povo reclama uma imparcialidade ideológica. Educação, sim! Ideologias, não! É um sonho, mas um sonho também realizável no nosso país, se as famílias e as religiões presentes no Brasil defenderem seus filhos e crentes.
Dom Antonio Augusto Dias Duarte - Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
|
2014-03-30 | Padre Domingos Jorge
Outros artigos
 | A ALEGRIA DO EVANGELHO - Conferência D.António Couto, Bispo de Lamego Redação | 2015-01-23 Como Viver a Alegria do Evangelho - Por D. António Couto. |
 | P. Domingos Jorge - 25 anos ao serviço da Paróquia de Maia Redação | 2014-11-09 A Festa comemorativa dos 25 anos do Sr. Padre Domingos ao serviço da paróquia da Maia foi memorável e contou com a participação de muitos paroquianos da Maia e de Gemunde. |
 | 100 anos do Nascimento do Sr. Padre Remígio Alves de Freitas 1914-2014 Redação | 2014-10-26 No dia 26 de Outubro de 2014, comemoramos o 1º centenário do nascimento do Sr. Padre Remígio Alves de Freitas. |
 | Via Sacra Gemunde - 2014 Redação | 2014-04-15 Via Sacra 2014, em Gemunde, vivida por dezenas de fiéis com muita emoção e dedicação. |
|
|
|